quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Mulheres com músculo "is the new black"

A preocupação com a saúde e a estética vem sendo assuntos cada vez mais recorrentes e pautados na vida dos cariocas. São incontáveis os “#projetoalgumacoisa” vistos nas redes sociais e seus resultados exibidos nas areias da praia.

Com essa tendência, o “instagram”, rede social de fotos e vídeos com filtros diversos, vem servindo como uma plataforma para incentivar e dar dicas à mulherada. São inúmeros os perfis criados com o intuito de passar receitas e séries de musculação.

Então, resolvi entrevistar a Raquel Uzai (@fitforlife_brasil), fit girl famosa com mais de 80 mil seguidores, que entra no time das cariocas marombeiras de plantão.

Raquel e seu super muque!!


1- Me conta um pouco da sua relação com o esporte e atividades físicas.

Eu sempre fiz atividade física desde criança: ballet, futebol, muay thai, capoeira, mas nunca fui mt disciplinada. A coisa que eu fiz por mais tempo foi o ballet, que comecei com 4 anos e fui até os 10, então tinha disciplina porque minha mãe levava (risos). Então fiz futebol uns 2 meses, capoeira por aí também, e o muay thai, que sou apaixonada, por 3 anos, mas não foram consecutivos, sempre com alguma pausa. Ai eu parei por causa do meu joelho, porque eu tenho condromalásia, então tive que fazer musculação para fortalecer.

2- Como você se relaciona com toda a variedade de opções para praticar esportes e atividades ao ar livre no Rio?

Eu no momento só estou fazendo musculação, porque estou na fase de ganho de massa, então não faço nem aeróbico. Mas antes eu fazia pedalada, muay thai ao ar livre, corria na areia fofa, e sou apaixonada, mas agora to podendo pra não comprometer o ganho de massa. Mas assim que acabar essa fase vou voltar a correr. Adoro andar de patins, bicicleta, esporte ao ar livre é perfeito, ainda mais no Rio de Janeiro.

3- Você acha que se exercitar na praia faz com que seja mais prazeroso pelo contato com a natureza?

Com certeza, muito bom. Na praia dá para fazer várias coisas além de corrida, mas também é possível fazer exercícios funcionais. Fora que olhando o mar não tem preço, depois ainda dá para dar um mergulho.


4- A carioca se sente mais pressionada em manter o corpo em dia por ser “verão o ano inteiro”?

Eu acho que sim, é exatamente isso, verão o ano inteiro. São dois meses de inverno, que na verdade, nem contam muito, porque mesmo assim a gente continua indo à praia. A carioca tem muito isso de sair de vestidinho, chinelinho, estar sempre pegando sol, então acho que rola mais essa cobrança, porque quando chega nas areias, só tem gente bonita, e você se preocupa mesmo.

5- Qual a sua opinião a respeito dessa democratização dos padrões de beleza?

Eu acho muito de cada um. Eu não acho legal esse negocio de que "o bonito é ser magra", "o bonito é ter coxa e bunda grande", eu acho que vai de cada um. Também tem muito esse preconceito de que mulher não pode ter músculo, porque acham que é masculino. Eu acho isso um preconceito bobo. O que importa é se sentir bem independente de tudo, sem um padrão. Pra mim, isso não existe.

6- Quais são as suas inspirações? Você acha que o visual do Rio é inspirador?

O visual do Rio, sem dúvidas é inspirador.
Mas de pessoas, eu me inspiro muito na Gracyanne Barbosa, acho ela incrível, e não digo isso apenas pelo corpo, mas pela disciplina invejável que ela tem, não conheço ninguém que há 15 anos faça a mesma alimentação saudável sem escorregar. A Bella Falconi eu acho linda, musa e perfeita, a Penélope Nova também, minha prima que é atleta... Nossa, são tantas pessoas! Admiro muita gente.

7- O que você acha a respeito da nova febre do instagram fitness?

Eu acho interessante, porque é uma maneira das pessoas verem a vida com outros olhos. Muita gente quer emagrecer, ganhar massa e etc, mas não sabe como, ou não tem grana pra ir num nutricionista ou não tem muito tempo. É uma maneira legal de dividir com os outros, não tem segredo se alimentar bem, só comer nas horas certas e coisas boas. Cada dia eu vejo que mais pessoas entrando no instagram e, às vezes, só por causa disso. Eu vejo cada mudança incrível.


8- Tem alguma dica de um lugar legal que você goste de frequentar no Rio para praticar atividades?

Tirando as academias e a praia, eu gosto muito das pistas de skate, patins, academias ao ar livre, são várias espalhadas pela cidade. Desculpa para ficar parado não tem, ainda mais aqui no Rio.


9- Deixe uma mensagem de apoio e motivação para quem quer conseguir o seu estila de vida.

Eu acho que é tudo muito simples, não tem mistério. Basta querer, se a gente quer, a gente consegue, e isso é para tudo na vida. Não é difícil, praticar esportes e tudo mais. Mas, eu acho que tem ser algo que você goste, porque fazer algo obrigado é muito ruim, ninguém gosta. Se não gosta de academia, faz pilates, ou yoga, crossfit, futebol, vôlei, são tantas as opções. Quer ser saudável? Se alimente bem. As pessoas veem como um bicho de sete cabeças, e dizem "ah, eu não tenho dinheiro para suplemento", mas suplemento não é tudo. É claro que ajuda, mas o mais importante é a boa alimentação e praticar atividades, independente de qual seja. É super tranquilo e gostoso, além de nos sentirmos bem.


Gente, a Raquel é uma fofa, super simpática e engraçada. Quando mandei o email pra ela explicando que era pra um trabalho da faculdade ela foi super legal, topou de se encontrar comigo e foi um amor. Espero que gostem, porque ela arrasa muito e esbanja força de vontade e fooooco!! Inspiração total! 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

De volta aos tempos da pedra

Academia ao ar livre tem feito parte da rotina de vários homens de todas as idades no Aterro do Flamengo. Sem muita sofisticação, os halteres são todos feitos artesanalmente e não há música, televisão ou sequer um espelho. Tudo que está em volta são coqueiros, grama e o céu aberto.  

Não há restrição, qualquer um pode chegar e praticar seus exercícios. São advogados, médicos, garçons, porteiros e até moradores de rua que batem ponto na academia, entretanto, não há presença feminina. Mas, para os novatos na musculação, os frequentadores recomendam que procurem uma academia tradicional para aprender a execução dos exercícios e não se machucarem 


Há mais ou menos dez anos, Roberto Pantoja é como um líder voluntário que toma conta do espaço e se orgulha da vista privilegiada que tem. Ele cuida da manutenção do material e anota em uma planilha o que precisa ser substituído.
 - Depois, alugo uma Kombi e chamo a galera para ajudar a carregar. – explica Roberto e diz que já ofereceram dinheiro a ele para fazer isso em outros lugares, mas recusou.

Porém, ele destaca o perigo que é o lugar à noite, já que não há iluminação, apesar de já terem pedido assistência a vários políticos, mas até agora nada foi feito. – Isso aqui vira ponto de prostituição e de usuários de droga, já tivemos o equipamento roubado diversas vezes – lamenta.

Mesmo assim, a prefeitura exige que todos os pesos sejam pintados da mesma cor, então os frequentadores se juntam de vez em quando para fazer uma vaquinha e colaborar na pintura e na manutenção. Se não puder dar dinheiro, ajuda com que sabe fazer, o importante é colaborar.

Um dos mais populares da academia é o Franciso de Carvalho. Com 74 anos, ele caminha da sua casa de Botafogo até a academia e fica lá por umas 5 horas se exercitando e batendo papo, além de distribuir bananas e maçãs para os marombeiros. Há 40 anos ele malha e garante que isso é a chave para o bom humor.

- As pessoas ficam mais acomodadas com a tecnologia e acabam ficando mais sedentárias, dando conforto e prejudicando a saúde. Eu chamo isso de benefício maléfico – filosofa Franciso. – O esporte antes de tudo é alimento para as articulações do nosso corpo.

A academia intitulada de “Ar Livre” tem dois mascotes, os gatos Veludo e Ana Carolina (homenagem à cantora). Os bichanos são vacinados e alimentados por Roberto. Com o sol batendo forte, eles ficam esparramados cheios de preguiça, ao contrário de todo o restante do pessoal.

Para o publicitário Biafra de Oliveira, morador de laranjeiras e veterano dos pesos, as academias do Rio de Janeiro já não têm mais o “glamour” dos anos 80, quando malhou com os “melhores professores de Copacabana”. Para ele, o espaço à beira-mar é menos badalado, mas igualmente estimulante.