segunda-feira, 21 de outubro de 2013

De volta aos tempos da pedra

Academia ao ar livre tem feito parte da rotina de vários homens de todas as idades no Aterro do Flamengo. Sem muita sofisticação, os halteres são todos feitos artesanalmente e não há música, televisão ou sequer um espelho. Tudo que está em volta são coqueiros, grama e o céu aberto.  

Não há restrição, qualquer um pode chegar e praticar seus exercícios. São advogados, médicos, garçons, porteiros e até moradores de rua que batem ponto na academia, entretanto, não há presença feminina. Mas, para os novatos na musculação, os frequentadores recomendam que procurem uma academia tradicional para aprender a execução dos exercícios e não se machucarem 


Há mais ou menos dez anos, Roberto Pantoja é como um líder voluntário que toma conta do espaço e se orgulha da vista privilegiada que tem. Ele cuida da manutenção do material e anota em uma planilha o que precisa ser substituído.
 - Depois, alugo uma Kombi e chamo a galera para ajudar a carregar. – explica Roberto e diz que já ofereceram dinheiro a ele para fazer isso em outros lugares, mas recusou.

Porém, ele destaca o perigo que é o lugar à noite, já que não há iluminação, apesar de já terem pedido assistência a vários políticos, mas até agora nada foi feito. – Isso aqui vira ponto de prostituição e de usuários de droga, já tivemos o equipamento roubado diversas vezes – lamenta.

Mesmo assim, a prefeitura exige que todos os pesos sejam pintados da mesma cor, então os frequentadores se juntam de vez em quando para fazer uma vaquinha e colaborar na pintura e na manutenção. Se não puder dar dinheiro, ajuda com que sabe fazer, o importante é colaborar.

Um dos mais populares da academia é o Franciso de Carvalho. Com 74 anos, ele caminha da sua casa de Botafogo até a academia e fica lá por umas 5 horas se exercitando e batendo papo, além de distribuir bananas e maçãs para os marombeiros. Há 40 anos ele malha e garante que isso é a chave para o bom humor.

- As pessoas ficam mais acomodadas com a tecnologia e acabam ficando mais sedentárias, dando conforto e prejudicando a saúde. Eu chamo isso de benefício maléfico – filosofa Franciso. – O esporte antes de tudo é alimento para as articulações do nosso corpo.

A academia intitulada de “Ar Livre” tem dois mascotes, os gatos Veludo e Ana Carolina (homenagem à cantora). Os bichanos são vacinados e alimentados por Roberto. Com o sol batendo forte, eles ficam esparramados cheios de preguiça, ao contrário de todo o restante do pessoal.

Para o publicitário Biafra de Oliveira, morador de laranjeiras e veterano dos pesos, as academias do Rio de Janeiro já não têm mais o “glamour” dos anos 80, quando malhou com os “melhores professores de Copacabana”. Para ele, o espaço à beira-mar é menos badalado, mas igualmente estimulante. 


4 comentários:

  1. Adoreeei !! O blog ta cada dia ficando melhor !!

    ResponderExcluir
  2. acho tudo de bom academia assim !! o rio de janeiro eh maravilhoso, malhar com essa vista nao deve ter nada melhor !! o blog ta arrasando ;)

    ResponderExcluir